Yalorixá Adelaide Santos tem 66 anos e temeu ter uma crise de hipertensão
As agressões acontecem desde 2015 (Foto: Divulgação)
A yalorixá Adelaide Santos, 66 anos, precisou deixar o terreiro de candomblé que comanda há 42 anos às pressas depois que o local foi apedrejado, neste domingo (26). As agressões ao Ilê Abasy de Oiá Gnan, que fica em Juazeiro, no Vale do São Francisco, aconteceram durante todo o dia. Assustada, a mãe de santo teve que sair de casa para evitar uma crise de hipertensão.
Segundo a conselheira do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade (Compir) e membro da Rede Sertão do São Francisco de Combate ao Racismo Institucional, Ceres Santos, o terreiro está sendo alvo de agressões desde 2015, mas as elas se intensificaram a partir de maio deste ano.
“Desta vez, estão lançando pedras sobre o telhado. Mãe Adelaide tem problemas de pressão alta. Ontem (domingo), ela ficou nervosa depois de passar o dia inteiro ouvindo as pedras caindo no telhado e, por isso, ligou e pediu para um filho levar ela para a casa dele. Ela teve que sair de casa”, contou.
Em 2015, o local foi invadido durante a madrugada. Os vândalos arrombaram a porta e destruíram cadeiras, mesas e outros móveis. As telhas que cobriam o barracão foram quebradas e quadros foram rasgados. As paredes do terreiro foram danificadas e marcadas com cruzes. O terreiro existe há 42 anos e sempre esteve sob o comando de mãe Adelaide. No local, mora, além da idosa, a filha dela e dois netos.
Por conta das agressões, uma câmera foi instalada nos fundos do terreiro. O equipamento registrou que as pedras estão sendo lançadas da comunidade que fica atrás do templo, mas não foi possível identificar quem está jogando. No dia 14 de julho, foi realizada uma vigília contra a intolerância religiosa e, mesmo assim, as pedras foram arremessadas durante o evento.
O caso foi denunciado ao Conselho Nacional de Direitos Humanos, em Brasília. Hoje, representantes do Compir e da Rede Sertão do São Francisco vão acionar o Ministério Público Estadual da Bahia (MPE-BA) e as Polícias Civil e Militar, além da Secretaria de Segurança Pública (SSP). As vítimas pretendem formular a denúncia também em âmbito internacional.
Segundo a conselheira, representantes da Secretaria Estadual de Promoção da igualdade (Sepromi) entraram em contato com as vítimas após as agressões deste domingo. O CORREIO ainda não conseguiu contato com a instituição.
Com Informações: https://www.correio24horas.com.br
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