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EM DESTAQUE: TESE DE HISTORIADORA CARIOCA CITA LIVRO DE EDMILSON SANCHES

A historiadora carioca Andréa Camila de Faria Fernandes é uma das mais recentes pesquisadoras a dedicar toda sua formação acadêmica a estudos sobre um escritor maranhense. O nome escolhido foi Antônio Gonçalves Dias, poeta, dramaturgo, etnólogo e jornalista nascido em Caxias. O bacharelado, o mestrado e o doutorado de Andréa Camila tratam de aspectos de Gonçalves Dias. Na tese de doutoramento, outro caxiense foi mencionado: Edmilson Sanches, cujo livro “A Canção do Brasil”, dedicado ao poema “Canção do Exílio”, teve citação no corpo da tese acadêmica e consta das referências bibliográficas. Sanches também consta entre as pessoas a quem a autora carioca agradece colaboração.

PESQUISAS E PUBLICAÇÕES – Segundo Andréa Camila, em mensagem ao jornalista e escritor Edmilson Sanches, ela trabalha com Gonçalves Dias “desde minha graduação” e, na elaboração de seu projeto de doutorado esteve em 2013 em São Luís, como registra na tese, “procurando identificar obras sobre Gonçalves Dias que tivessem sido produzidas localmente” e “participando de um seminário na UEMA [Universidade Estadual do Maranhão], quando tive a oportunidade de conhecer o Sr. Leopoldo Gil, do IHGM [Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão]”, professor e pesquisador de larga produção no Estado. A ele, especialmente mencionado, e a outros estudiosos, Andréa Camila agradeceu em sua tese: “Aos maranhenses Leopoldo Gil Dulcio Vaz, Edmilson Sanches e Rossini Côrrea, que foram sempre solícitos nos pedidos de ajuda e compartilharam comigo entusiasmo pelos estudos sobre Gonçalves Dias, em diferentes momentos, muito obrigada também!”.

Nascida e residente na capital fluminense, Andréa Camila afeiçoou-se aos estudos gonçalvinos e toda sua produção universitária concluinte da graduação e pós-graduação foi orientada pela doutora Márcia de Almeida Gonçalves, doutora em História Social pela Universidade de São Paulo, professora e pesquisadora da UERJ, onde coordenou vários Programas e Núcleos, entre os quais o Núcleo de Estudos sobre Biografia, História, Ensino e Subjetividades. No seu trabalho de conclusão de curso (bacharelado em História), na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Andréa Camila teve como tema/título da monografia “Gonçalves Dias na Amazônia: o olhar de um romântico”.

Três anos depois, em 2011, ela concluía o mestrado, para o qual escreveu e defendeu na UERJ a dissertação “O santo comércio da amizade: política, literatura e sociabilidade na trajetória de Gonçalves Dias”. Neste trabalho, resume a acadêmica, procura-se “conhecer os caminhos que levaram à construção da imagem do poeta Gonçalves Dias que conhecemos hoje. Procura-se entender de que forma ele veio a construir o nome, no cenário letrado do Império do Brasil, que o fez ser identificado como o poeta nacional por excelência, e, também, identificar em que esferas e projetos ele atuou durante o processo de construção de sua imagem. Nesse caminho, trabalhou-se com a análise de sua correspondência, de modo a perceber qual o peso que suas relações sociais exerceram na formação de sua identidade autoral. Entende-se também que a imagem/memória de Gonçalves Dias hoje conhecida foi fruto dos esforços de seus biógrafos, se não em criá-la, ao menos em fixá-la, ao longo dos anos, de modo a reservar para Gonçalves Dias, definitivamente, um lugar no panteon nacional”.

Antes de ingressar no doutorado, Andréa Camila escreveu outros trabalhos de relevo sobre Gonçalves Dias, apresentando-os para publicação expondo-os em eventos nacionais. Em 2010, teve publicado seu trabalho “Meditação: visões do Império do Brasil na obra de Gonçalves Dias” no “Caderno de Resumos & Anais do 4º Seminário Nacional de História da Historiografia”, da Universidade Federal de Ouro Preto (MG).

Em 2015, publicou “’Brasileiro de meia cor e meia classe’: A vida de Gonçalves Dias por Lúcia Miguel Pereira”, na revista “Ambivalências”, da Universidade Federal de Sergipe.

No 29º Simpósio Nacional de História, em julho de 2017, em Brasília (DF), a pesquisadora carioca apresentou “A biografia intelectual de Gonçalves Dias: esboço de um projeto”.

Em 2020, no 13º Encontro Estadual de História, realizado em Pernambuco pela seção local da Associação Nacional de História, Andréa Camila publicou “’Sirva de Prólogo’: Construção Identitária nas Apresentações das Obras Poéticas de Gonçalves Dias”.

Ilustrações: A tese de Andréa Camila e o livro de Edmilson Sanches.

A TESE E O LIVRO – Só em novembro de 2021, uma década depois do mestrado, Andréa Camila de Faria Fernandes concluiu na UERJ seu doutoramento, com Gonçalves Dias continuando como objeto de seus estudos. A tese foi: “De ‘esperançoso menino do Maranhão’ a ‘poeta nacional’: a consagração da memória de Gonçalves Dias” (238 páginas).

 

Na tese, citando o livro do jornalista e escritor caxiense, Andréa Camila destaca: “[…] ‘A Canção do Brasil’, de Edmilson Sanches, procura, segundo o autor, registrar e documentar ‘alguns aspectos relacionados ao incomum – dir-se-ia melhor: inédito – alcance do poema ‘Canção do Exílio’’”. A doutora carioca prossegue, revelando e ponto em relevo a contribuição de Sanches: “Já demonstramos aqui que a ‘Canção do exílio’ serviu de inspiração aos mais diversos autores, nos mais diversos momentos, desde a sua publicação em 1846, mas o que Edmilson Sanches faz é ir além, e propor uma ‘biografia do poema’, apresentando sua origem, procurando analisá-lo etimológica e simbolicamente e listando e comentando autores e obras que direta ou indiretamente se inspiraram na ‘Canção do Brasil’”. E continua: “A análise destes, e de muitos outros trabalhos existente, é profícua e poderia bem facilmente dar origem a uma nova pesquisa sobre a recepção crítica e a preservação da memória do poeta. Não foi esse nosso objetivo aqui. Citá-los teve apenas a função de demonstrar que a máxima de que Gonçalves Dias é pouco lido não é tão verdadeira como poderíamos pensar num primeiro momento. Talvez ao invés de dizer que ele é pouco lido, seria mais exato pensar que ele é pouco divulgado. Os trabalhos sobre ele existem, estão por aí atravessando os séculos, mas apenas temos acesso a eles quando decidimos pesquisar mais detidamente a vida e a obra do poeta. No dia a dia ficamos no lugar comum. Cantamos a ‘Canção do exílio’ como se fosse nosso Hino e negligenciamos o conhecimento sobre seu autor. Nesse sentido, a pesquisa que aqui empreendemos teve a aspiração, talvez pretensiosa, de tornar Gonçalves Dias mais próximo a nós. De permitir aos que se debruçarem sobre essas páginas conhecê-lo um pouco mais, para, talvez assim, despertar mais interesse sobre o homem e sua obra, pois até consideramos que sua obra vive em nosso imaginário cultural, mas entendemos também que o que dela mais conhecemos é apenas uma pequena parte do conjunto da produção do poeta.”

Ilustrações: A tese de Andréa Camila e o livro de Edmilson Sanches.

O livro “A Canção do Brasil”, de Edmilson Sanches, foi lançado em 2020 pela Editora Estampa, de Imperatriz (MA), que, na época, publicou simultaneamente outras três obras do escritor maranhense: “Maranhão Não é Mentira”, “Teixeira Mendes — Esse Nome é Uma Bandeira” (2ª edição) e “Do Incontido Orgulho de Ser Caxiense” (2ª edição, ampliada). Contatos: [email protected] e www.edmilson-sanches.webnode.page .

MARANHÃO E CAXIAS – Informada de que Edmilson Sanches está, a convite, desde junho de 2022 no Rio de Janeiro, onde auxiliou em trabalho de resgate de escritor maranhense em livro, Andréa Camila saúda o caxiense: “Espero que esteja sendo bem recebido aqui nestas terras fluminenses, como já o fui nas suas terras maranhenses. Se tudo der certo, estarei lá [no Maranhão] novamente em julho próximo, para participar do simpósio nacional de história da ANPUH [a Associação Nacional de História]”.

Sobre talentosos caxienses e maranhenses, a doutora diz, de modo reflexivo, crítico e esperançoso: “São tantos os caxienses ilustres e tão pouco o que o Brasil sabe sobre eles e sobre a cidade… Parabéns pelo trabalho de divulgação! Espero um dia poder ir conhecer a terra onde nasceu Gonçalves Dias.” E continua: “O Maranhão é, infelizmente, um mundo quase desconhecido do restante do país. Mesmo Gonçalves Dias, que acho que posso dizer que é o filho mais ilustre dessa fértil terra, é bem pouco conhecido, se pensarmos em tudo que foi. A maioria só sabe que foi poeta e mesmo assim conhece poucos versos; e há ainda muitos que conhecem os versos, mas não fazem ideia de quem é o autor”. A acadêmica carioca conclui: “Admiro seu empenho em resgatar esses nomes e memórias”. ///

 

 

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