Repasse Informativo | Marcos Monteiro - Repasse Informativo Caxas-MA, O Blog do Marcos Monteiro.

Violência: No Brasil, a cada dois segundos uma mulher é vítima de violência

21 histórias de violência contra mulher nos últimos anos

No Brasil, a cada dois segundos uma mulher é vítima de violência física ou verbal; a cada 1,4 segundo, há uma vítima de assédio, segundo o Instituto Maria da Penha. Em janeiro de 2018, mais de 4 mil mulheres foram vítimas de ameaças, segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio de Janeiro.

Muitas mulheres denunciam e seguem em frente. Virar a página nem sempre resolve o problema, porém. Algumas marcas ficam para sempre. Tiram a vida ou mudam o destino daquelas que tinham dentro da própria casa o seu agressor. Para não esquecer que a história precisa mudar, o EXTRA selecionou 21 reportagens, publicadas desde 1998, de violência contra mulheres.

1998 – Cláudia Tavares Souza, de 26 anos

Ela teve o rosto, costas, braço e o colo queimado por ácido sulfúrico. Segundo investigações, a ação foi realizada a mando do marido, por um policial “contratado” para executar o crime contra Cláudia Tavares Souza, aos 26 anos, em Belo Horizonte, Minas Gerais. A vítima foi submetida a cirurgias plásticas para regeneração de um terço de seu corpo que foi atingido pela substância. O crime teria sido motivado por ciúmes, segundo investigações da Polícia Civil.

1999 – Andréa Helena Gomes Mendes, de 27 anos

Andréa Helena Gomes Mendes, de 27 anos, se preparava para mais um fim de semana no salão de beleza em que frequentava, em Copacabana. Em uma tarde de sexta-feira do ano de 1999, por volta das 14h, a modelo, que também era garota de programa, foi assassinada com três tiros de uma pistola calibre 9 milímetros. O autor do crime foi um ex-cliente inconformado com o fato de a mulher estar com casamento marcado para o mês seguinte.

2000 – Luciana Conceição do Rosário, de 20 anos

Denunciado pela mãe do assassino, o crime aconteceu em março de 2000. A jovem Luciana Conceição do Rosário, de 20 anos, foi encontrada dentro de uma caixa de isopor, na casa da vítima, no bairro Campo Grande, no Rio de Janeiro, quatro dias após sua morte. Nem a filha foi poupada. O criminoso foi acusado também de ter estuprado a enteada de 2 anos.

2001 – Lúcia Cristina Gomes Teixeira

A médica Lúcia Cristina Gomes Teixeira de Araújo foi estrangulada pelo síndico de seu prédio. O agressor usou um cinto para assassinar a vítima, que iria apresentar um dossiê sobre fraudes no condomínio. O homem foi à casa de Lúcia, mas encontrou apenas a empregada, que foi amarrada. Quando a médica chegou, foi surpreendida pelo assassino em sua residência. No apartamento, foram encontrados dois facões, um saco plástico grande e um carrinho de supermercado — o que, para a polícia, significou que o suspeito pretendia esquartejar o corpo e retirá-lo do local de madrugada.

2002 – Alessandra Luísa de Carvalho Marques, de 24 anos

Alessandra Luísa de Carvalho Marques, de 24 anos, foi morta com dois tiros após ser assediada por um policial à paisana numa van. Guaracy Arede, que era segundo sargento do 5º BPM, embarcou na Avenida Brasil no veículo que tinha o Sambódromo como destino. Após passar a mão na vítima e insultá-la, Alessandra discutiu com o militar, deu um tapa nele e pediu para que saísse do veículo. Passageiros fugiram, mas a mulher não conseguiu escapar e levou um tiro na cabeça e na nuca. O assassino foi preso pela Polícia Militar e afastado da função.

2003 – Jorgelina Chagas de Barros, de 72 anos

Dona Jovem, como era conhecida Jorgelina Chagas de Barros, de 72 anos, foi encontrada com sinais de violência sexual e enforcamento. Ela estava de bruços em um matagal às margens da Via Duques, em Itaboraí. A investigação policial identificou outras vítimas e apontou que o assassino fazia amizade com as vítimas antes dos crimes, todas elas acima de 45 anos. No ano de 2003, além de Jorgelina quatro senhoras foram assassinadas e outras oito foram abordadas pelo homem, mas conseguiram escapar.

2004 – Patrícia Cordeiro de Macedo, de 23 anos

Depois de sofrer várias ameaças do ex-namorado, a vendedora Patrícia Cordeiro de Macedo, de 23 anos, foi assassinada com um tiro na cabeça, em Niterói. O criminoso foi reconhecido pelo então namorado da vítima que também foi baleado. Após ser abordada na saída da loja onde trabalhava, a jovem e o namorado foram perseguidos pelo homem, que atirou nos dois pelas costas. 

Segundo a mãe da vítima, Carmem Moreira Cordeiro, o empresário responsável pelo crime já havia tentado matar a filha outras vezes. Em uma delas, chegou a jogar álcool no corpo de Patrícia. Em outra ocasião, amarrou a vendedora na cama e pretendia matá-la por asfixia, mas a vítima conseguiu escapar. Meses antes, Patrícia havia denunciado o ex-namorado na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) por agressão. Na ocasião, ela disse que havia sido agredida e que o empresário afirmou que “não a deixaria em paz e um dia a mataria”.

2005 – Homem estupra 20 mulheres em São Gonçalo

A Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), de São Gonçalo, registrou ataque à 20 mulheres por um motoboy de 26 anos. A maioria das vítimas tinham entre 17 e 20 anos, eram noivas e virgens. O criminoso levava as vítimas para um matagal de moto, sob ameaças de agressão. Além de usar sempre um capacete, ele obrigava as vítimas a também colocar um. As mulheres ainda eram forçadas a ficar olhando para o chão, na direção dos pés do acusado, que usava tênis prateado.

2006 – Cristina Ribeiro, 36 anos

A enfermeira Cristina Ribeiro foi cercada no ponto de ônibus pelo ex-marido em uma manhã de sexta-feira, no ano de 2006. O homem, que não aceitava a separação, fez a ex-mulher e passageiros reféns por mais de dez horas dentro do veículo. André Luiz Ribeiro da Silva estava armado e agrediu a vítima, com quem tinha três filhos, com socos e coronhadas. O caso ficou conhecido como “Drama no 499”. A técnica em radiologia foi casada com o camelô por dez anos e contou, na época, que já tinha sido mantida em cárcere privado durante quatro dias por André e sofrido outras violências. O criminoso confessou o crime e o caso foi levado à Justiça.

2007 – Valéria Santos da Rocha, de 34 anos

A doméstica Valéria Santos da Rocha, de 34 anos, foi morta com duas facadas no peito, pelo ex-marido. O crime aconteceu na frente dos dois filhos do casal, de 10 e 13 anos. Segundo parentes da vítima, o homem não teria se conformado de Valéria ter passado o dia no Piscinão de Ramos e cometeu o crime por ciúmes. Valéria já havia registrado denúncias contra o ex-companheiro na polícia por agressão duas vezes. Eles estavam separados há dois anos. O crime aconteceu em fevereiro de 2007, em Duque de Caxias.

2008 – Jéssica, de 16 anos

Jéssica, de 16 anos, foi mais uma das vítimas de um assassinato em série. A vítima foi morta por estrangulamento e deixada seminua em um terreno baldio no Jacarezinho, Zona Norte do Rio. O assassino confessou ter matado 18 mulheres em três estados. Na maioria das vezes, as vítimas eram atraídas pelo suspeito a partir de um convite para fumar crack e as executava em seguida.

2009 – Maria Isabel da Conceição, de 28 anos

A doméstica Maria Isabel da Conceição, de 28 anos, foi encontrada morta dentro de casa, em Rio das Pedras. Ela foi esfaqueada e recebeu golpes de chave de fenda. A filha da vítima, Jenifer da Conceição Lima, de 3 anos, e a sobrinha identificada como Laíse, de 7 anos, estavam feridas e foram levadas para o Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. O criminoso fugiu. Policiais da 32 DP (Taquara), onde o caso foi registrado, acreditam em latrocínio (roubo seguido de morte). A policia descartou a hipótese de crime passional.

2010 – Eliza Samudio, de 25 anos

O caso teve repercussão nacional por envolver o então goleiro titular do Flamengo, Bruno Fernandes. Eliza Samudio era modelo e atriz e tinha 25 anos e tinha um filho com atleta, após se relacionarem em 2009. Após diversos conflitos por conta da gravidez e solicitações para a mulher abortar, foram divulgadas denúncias de agressão. Ela foi vítima de cárcere privado, estrangulamento e esquartejamento. Além do goleiro, outros suspeitos estavam envolvidos no crime. Bruno foi condenado a 20 anos de prisão. Recentemente, foi autorizada sua transferência para a penitenciária de segurança máxima em Nova Hungria, em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte. O filho do casal vive com a avó no Mato Grosso do Sul.

2011 – Patrícia Acioli, de 47 anos

A juíza Patrícia Acioli foi executada com 21 tiros quando chegava à noite em sua casa, em Piratininga, na Região Oceânica de Niterói, em 12 de agosto de 2011. Nos seus últimos anos, a magistrada, que já chegou a ser acompanhada por seis seguranças, havia recebido uma série de ameaças. No momento do crime, ela estava andando sem escolta. Quatro homens em duas motocicletas foram os executores.

Patricia Acioli foi executada por homens de capacetes, que estavam de tocaia. Os matadores usaram pistolas de calibre 40 e 45, de uso restrito da PM e das Forças Armadas. A morte foi tramada por um grupo de policiais militares que eram investigados pela juíza. Todos os PMs eram acusados de envolvimento com grupos de extermínios e suspeitos de corrupção. Apesar de ameaçada de morte, Patricia Acioli estava sem escolta policial quando foi abordada pelos assassinos.

Ao todo, 11 policiais foram condenados pelo crime. Nove eram praças: o sargento Charles de Azevedo Tavares; os cabos Alex Ribeiro Pereira, Jeferson de Araújo Miranda, Sammy dos Santos Quintanilha Cardoso, Sergio Costa Júnior, Carlos Adílio Maciel Santos, Jovanis Falcão Junior; e os soldados Junior Cezar de Medeiros e Handerson Lents Henriques da Silva.

Além deles, a Justiça condenou dois oficiais da Polícia Militar: o tenente Daniel Santos Benitez Lopez e o tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira — então comandante do 7º BPM (São Gonçalo) e apontado como o mandante da execução. Eles receberam as penas mais altas do grupo: 36 anos de prisão em regime fechado.

2013 – Valdinéia Conceição Prechesniuk, de 21 anos

Ela foi encontrada dentro de uma mala jogada em um lago às margens da Rodovia dos Bandeirantes (SP-348). A vítima estava grávida de cinco meses de gêmeos e foi encontrada nua com o pescoço quebrado. Segundo a Polícia Civil, o corpo ficou ao menos dois dias abandonado e a mulher teria sido localizada após moradores reclamarem do mau cheiro nas imediações. A família há tempos não tinha notícias da mulher, tampouco sabiam com quem ela estava morando, o que dificultou a identificação de possíveis suspeitos. Ainda, de acordo com as investigações, um mapeamento de acessos e também de conversas de Valdinéia nas redes sociais revelou postagens dela feitas na capital paulista, Santo André e Guarulhos, no estado de São Paulo.

2014 – Aline Messiane Soares, de 19 anos

Companheiro teria esfaqueado mulher após errar ela trocar seu nome durante ato sexual. Aline foi ferida no rosto, peito e pescoço e conseguiu ligar para o Corpo de Bombeiros do Paraná para pedir ajuda. A investigação ficou sob responsabilidade da Polícia Civil do estado.

2015 – Cícera Alves de Sena, de 29 anos

Conhecida como Amanda Bueno, a dançarina de funk foi assassinada dentro de sua casa na Posse, em Nova Iguaçu. Cícera morava com o companheiro que, após investigações, foi acusado e condenado a mais de 40 anos de prisão. O crime aconteceu por volta das 17h30m. Segundo vizinhos, houve uma discussão seguida por um disparo.

O delegado Fábio Cardoso, titular da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), concluiu que Milton Severiano Vieira, o Miltinho da Van, de 32 anos, matou Amanda por motivos passionais. No dia seguinte ao noivado do casal, a dançarina disse ter revelações do seu passado para fazer ao companheiro. Durante a conversa, Amanda contou que havia trabalhado na boate de striptease Império e que fora condenada por tentar matar uma colega, dentro do estabelecimento, na cidade de Taguatinga, em Brasília.

Com ciúmes, Miltinho chegou a ofender a noiva. Três dias depois, ele marcou um almoço com uma ex-namorada. Durante a refeição, em que também bebeu cerveja, o ex-casal fez fotos e vídeos, que foram enviados pela moça para Amanda. Ao voltar para casa, tiveram mais uma briga, por ciúmes de ambos.

Depois de gritos e palavrões dentro da residência, o bate-boca evoluiu para agressões físicas. Miltinho da Van jogou a dançarina no jardim e bateu com a cabeça dela pelo menos 12 vezes no chão. Em seguida, deu dez coronhadas na funkeira. Com uma escopeta, lhe deu ainda cinco tiros e, segundos depois, rendeu funcionários e roubou um Gol. O criminoso fugiu com o carro e acabou sendo capturado por agentes da DHBF ao capotar na Via Dutra.

2016 – Menor de 16 anos é vítima de estupro coletivo

O caso ganhou repercussão após um vídeo viralizar na internet. Uma menina de 16 anos foi estuprada coletivamente por jovens e teve imagens do ato gravadas e divulgadas na rede onde a jovem é exibida nua e desacordada. Sete pessoas estavam envolvidas no crime que aconteceu em junho de 2016, no Morro do Barão, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O crime chamou atenção de todo o país e foi comentado em diversas manifestações pela cidade. “É um crime que chocou o Brasil e vai fazer história no país, até pela forma hedionda que ele foi praticado”, afirmou a delegada Cristiana Bento, responsável pelo caso.

2017 – Ingrid Soares de Lucena, de 24 anos

Ela foi morta com oito facadas pelo ex-namorado na frente dos dois filhos. Ingrid Soares de Lucena, de 24 anos, já havia feito registros de ocorrência por estupro e injúria, além de pedir medidas protetivas. Policiais militares foram chamados ao local por vizinhos que encontraram o corpo da jovem. Segundo a perícia, ela foi atingida por um golpe na cabeça, um no braço, um no peito e cinco nas costas.

2018 – Patrícia Mitie Koike, de 22 anos

Eles namoravam desde o Ensino Médio. Patrícia Mitie Koike foi assassinada pelo namorado aos 22 anos. Os pais da jovem, que viviam no Japão, não aprovavam o relacionamento. O corpo da vítima foi encontrado no carro do rapaz 24 horas após o crime. Funcionários de um posto de gasolina, onde o criminoso abastecera o veículo com a vítima no banco traseiro, acionaram a polícia. Mesmo após o rapaz ter deixado o estabelecimento, o veículo foi localizado em seguida. O rapaz foi preso após confessar o crime que esteve sob investigação da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense.

2019 – Katia Valeria Nunes Bastos, de 47 anos

Katia Valeria Nunes Bastos, de 47 anos, recebeu uma solicitação de corrida. A motorista de aplicativo não imaginava que seu cliente acabaria com sua vida. O homem estuprou e matou a vítima. O corpo de Katia foi encontrado por PMs, na noite do crime, dentro de seu carro, às margens da Rodovia Washington Luís, na pista sentido Petrópolis, em Duque de Caxias. A mulher tinha sinais de agressão no rosto e foi estrangulada. O corpo estava no banco de trás do veículo e o suspeito, no banco da frente. Inicialmente, os PMs, que faziam patrulhamento na rodovia acreditaram se tratar de um acidente, mas ao se aproximarem do veículo viram o corpo de Katia.

Katia Cristina trabalhava como motorista de aplicativo há cerca de um ano e tinha dois filhos. O caso foi registrado na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), onde o assassino prestou depoimento. A polícia, no entanto, não acreditou na versão dada por ele e o autuou em flagrante por homicídio qualificado.

*Estagiária sob a supervisão de Giampaolo Morgado Braga

>>Acesse essas e outras histórias no Acervo Digital do Jornal Extra<<.

Com Informações: https://extra.globo.com/

Categoria: Notícias