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CAXIAS EM DESTAQUE: Hélio, Humberto, Jadihel e a marcha para Jesus

Por:  Alberto Pessoa

Foto: ( Divulgação )

A homenagem

Às vésperas de completar seus 200 anos de emancipação a história política da cidade de Caxias, Maranhão, tem muitas passagens para serem contadas. A cada esquina surge um causo e muitos destes se misturam com o sangue a as lágrimas de seus moradores. Ao longo destes anos pessoas têm se destacado pela luta ferrenha em favor dos direitos dos cidadãos. O engenheiro Jadihel Carvalho foi uma destas figuras marcantes na vida dos caxienses. Esteve presente nos momentos decisivos das disputas políticas na cidade.

O respeito

Os políticos locais sabiam que aquele homem dedicado e influente engenheiro da Refesa tinha o respeito e a admiração da comunidade. Homem culto, doutor Jadihel liderava a própria elite intelectual com seus ideais de progresso e desenvolvimento para sua terra. Tinha a admiração de todos os segmentos políticos que queriam tê-lo em seu quadro. Boa parte da população seguia os seus preceitos político-ideológico e isso era o alvo dos principais postulantes a cargo públicos no município.

A lembrança

No ano da morte de Jadihel a campanha eleitoral estava a todo vapor. De um lado, Hélio Queiroz e do outro Humberto Coutinho cada um correndo na frente de uma tal “porca” que sempre reaparece em períodos eleitorais para se saciar de candidatos. Foi quando veio a notícia: Jadihel faleceu. O engenheiro já vinha com a saúde meio fragilizada.

Os comentários

A notícia logo se espalhou pela cidade, anunciada principalmente pela Voz da Mangueira situada no ponto mais alto da cidade. “Atenção senhores, o nosso Doutor Jadihel acaba de falecer”, falava o locutor “Paulo Mago”.

Parece que houve um estalo na mente dos dois candidatos e no momento que o cortejo começava no bairro Cangalheiro, de um lado se apresentava um candidato e do outro lado o segundo postulante ao Executivo Municipal. O caixão era carregado na perua do taxista que também era amigo da família.

O cortejo

Várias pessoas se dispuseram a seguir o cortejo até ao Cemitério São Bendito, praticamente no lado oposto da cidade. Era a verdadeira marcha para Jesus. O defunto, um salvo e os políticos reafirmavam seu compromisso com as causas municipais, fazendo a grande jogada de marketing.

Mas tudo ia às mil maravilhas, quando Jadihel decidiu “ puxar o facão” e aprontar a última: o carro que levava o caixão achou de dar uma pane justamente em frente à Casa da Justiça, na Praça Gonçalves Dias. Porém, aquilo não era problema, estavam ali as forças de Caxias. Por cima do ângulo da urna fúnebre Hélio e Humberto se encararam, encheram o peito de ar triunfantemente e tomaram a iniciativa simplesmente de dar continuidade à marcha no braço mesmo.

E começaram a empurrar o veículo pela rua do “Cisco” ladeira acima, passando pelos casarões, e paralelepípedos que espelham a própria história de uma cidade marcada pela luta de seu povo em busca de dias melhores.

O cortejo seguia sob o olhar dos moradores daquele logradouro: Fauze Simão, Zé Pinto, “Tio Né”. E os dois ali, firmes na rocha. Entretanto o cansaço já emoldurava o rosto de alguns. Passaram pela lateral do Colégio Duque de Caxias, continuando a empreitada também sob a torcida de populares que levavam a expectativa de quem desistiria primeiro: era uma prévia das eleições vindouras.

 

“língua pra fora”

Hélio ou Humberto? Literalmente com a “língua pra fora” os dois declarados amigos de Jadihel deram igualmente o último empurrão antes do carro adentrar à cidade dos mortos, onde o muro é baixo e o portão alto. Quase sai a frase, “demorou” da boca dos dois políticos.

Quem ganhou a eleição depois? Não lembro, só sei que Jadihel era assim, irreverente, mas amado por todos os caxienses.

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