Projeto que tramita no Congresso prevê multa de 10% do valor do veículo ao proprietário em caso de descumprimento das montadoras
Depois do kit de primeiros socorros e do uso obrigatório do extintor ABC, e posterior ‘cancelamento’ da lei, o governo inicia mais uma polêmica envolvendo o universo automotivo.
Agora um projeto de lei aprovado pela Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados estabelece que as montadoras instalem um estepe idêntico nas dimensões aos pneus originais do veículo, seja ele nacional ou importado.
Em outras palavras, os estepes de uso temporário (menores e mais fáceis de manusear) terão seu uso proibido caso o projeto do deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) vire lei.
A proposta tramita no Congresso acompanhada de uma emenda do deputado Fábio Mitideri (PSD-SE), a qual argumenta que o equipamento auxiliar presentes nos veículos saídos de fábrica atualmente possuem dimensões e características distintas aos que equipam as demais rodas.
Conforme o texto, tal prática “prejudica a movimentação e a segurança do automóvel… e pode trazer riscos elevados para os condutores e passageiros dos veículos.”
Além da proibição, o projeto também prevê que as fabricantes automotivas indenizem o proprietário com 10% do valor do veículo caso o pneu sobressalente seja diferente aos do carro. A proposta segue agora para a apreciação das comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; de Viação e Transportes; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Suporte até o borracheiro
A função do estepe é de substituir momentaneamente um pneu que tenha sofrido algum problema durante o trajeto, sem comprometer qualquer característica comum do veículo.
As montadoras porém, diante da economia e praticidade no manuseio, criaram os ‘pneus temporários’, cujo objetivo é dar suporte até a chegada ao borracheiro mais próximo. Eles são mais finos e rodam em velocidade limitada – geralmente abaixo de 80 km/h.
Na verdade, a utilização ou não de pneus de emergência já é polêmica antiga. Com os carros cada vez mais compactos e buscando maior economia de combustível, ter um equipamento reserva deste tipo reduz o peso do conjunto em 60% ou mais comparado ao dispositivo com medida padrão.
Além disso, eles são menos visados por ladrões – o roubo de estepe é comum e por muitas vezes o carro é danificado – e dificilmente o motorista precisará adquirir outro pneu temporário durante a vida útil do veículo. Sem falar no melhor aproveitamento do espaço do porta-malas.
Já há quem afirme que o dispositivo menor provoca uma tendência direcional nos carros, especialmente nas frenagens de emergência, devido ao perímetro de rodagem diferente. E também a perda de estabilidade em curvas, já que ocorre uma maior transferência de peso sobre uma área com ‘menos borracha’.
A presença de ABS no freios e do controle de estabilidade minimiza esses problemas, mas, por enquanto, apenas o sistema antitravamento é obrigatório nos veículos.
O projeto de lei não enquadra os veículos que possuem a tecnologia que substitui o uso de estepe por um compressor ou selador que possibilita vedar possíveis furos. O sistema está presente em modelos de marcas premium, como Audi, Volvo, Mercedes e BMW.
FONTE: http://www.gazetadopovo.com.br/