Lobão Filho entra na corrida para o Senado com declarações polêmicas sobre candidaturas
“Estou preparado. Tenha certeza estou pronto para 2018. Acredito que existam apenas três nomes bem consolidados para a disputa, o meu, Sarney Filho e Weverton Rocha”. Com essas declarações, dadas ao bem informado blog do jornalista Diego Emir, o empresário e suplente de senador Lobão Filho (PMDB) borrifou querosene e ateou fogo nos bastidores da corrida para o Senado da República e também na corrida ao Palácio dos Leões em 2018. Com o dito ele deixou claro que é pré-candidato à vaga do pai, senador Edison Lobão (PMDB), que na avaliação de observadores experientes dificilmente enfrentará as urnas para renovar o mandato. E não se sabe se por incontinência verbal ou de caso pensado, Lobão Filho menosprezou pré-candidatos do porte do deputado estadual Humberto Coutinho (PDT), do deputado federal José Reinaldo Tavares (PDT), do ex-prefeito de Imperatriz Sebastião Madeira (PSDB) e do próprio senador João Alberto (PMDB), avaliando que essas pré-candidaturas seriam “balões de ensaio”. Com suas declarações, o suplente de senador provavelmente está colocando em prática uma estratégia que o beneficiará somente se o titular do mandato, Edison Lobão, não for candidato à reeleição.
Lobão Filho pode ter cometido um erro de avaliação ao enxugar radicalmente a relação de uma dezena de pré-candidatos às duas vagas de senador divulgada semana passada pela Coluna, a saber: Weverton Rocha (PDT), Sarney Filho (PV), Humberto Coutinho (PDT), José Reinaldo Tavares (PSB), Roseana Sarney (PMDB), João Alberto (PMDB), Gastão Vieira (PROS), Sebastião Madeira (PSDB) e Márlon Reis e ele próprio, que, tudo indica, terá pela frente também a deputada federal Eliziane Gama (PSB), de quem foi parceiro na corrida para a Prefeitura de São Luís em outubro passado. A Coluna relacionou nomes com potencial para entrar na briga pelas vagas de senador, incluindo os que já estão em campanha, os que estão avaliando o cenário e os que, numa hipótese remota, entrarão na disputa.
Na leitura que faz do cenário da corrida o Senado, o suplente de senador faz um estrago nas possibilidades de candidatura dos Sarney. Quando afirma que o deputado federal e hoje ministro do Meio Ambiente Sarney Filho é candidato a senador, Lobão Filho tira automaticamente a ex-governadora Roseana Sarney tanto da corrida ao Senado quanto da briga pelo Palácio dos Leões. Isso porque seria no mínimo excesso de audácia e pretensão exagerada o grupo lançar Sarney Filho para o Senado e Roseana Sarney para o Governo do Estado. Por melhor que fosse o lastro político dos dois, o eleitorado fatalmente faria opção por um só. Optando por Sarney Filho, os eleitores mandariam Roseana para a aposentadoria definitiva e com o segundo carimbo de derrota no curriculum. Fazendo opção por ela, o eleitor mandaria Sarney Filho para a aposentadoria com uma derrota na sua trajetória até aqui vitoriosa.
(A situação lembra 1998, quando Roseana caminhava imbatível para a reeleição. Diante dos ventos favoráveis, tentaram convencer José Sarney a abandonar o Amapá, onde teria reeleição certa, para disputar a vaga de senador pelo Maranhão, argumentando que a família e o grupo tinham fôlego para eleger os dois. Sarney esteve a ponto de se deixar seduzir pelos apelos, mas sua experiência e tarimba não deixaram. Mandou o Ibope sondar o eleitorado maranhense sobre a proposta, e o resultado foi uma pancada: a maioria dos pesquisados respondeu que votaria num ou noutro, mas não nos dois. Sarney preferiu continuar representando o Amapá).
As declarações do suplente Lobão Filho espalharam também uma nuvem densa de dúvidas sobre o futuro do senador Edison Lobão. Já caminhando para os 80 anos e agastado pela pancadaria que vem sofrendo desde que teve seu nome citado na Operação Lava Jato, Lobão vem deixando no ar a impressão de que ainda não decidiu se será ou não candidato à reeleição. Lobão Filho só será candidato na hipótese de Lobão, o pai, decidir ir para casa e escrever as suas memórias. O senador saiu de cena, mas continua politicamente muito ativo nos bastidores do Senado, nas entranhas do PMDB e, agora, do Governo Michel Temer. Lobão Filho também menospreza a possibilidade de o senador João Alberto entrar na briga pela renovação do mandato, podendo também ser candidato a governador, caso Roseana Sarney não entre na briga pelo Palácio dos Leões, preferindo sufocar o projeto senatorial do irmão ministro.
Ainda jovem, impetuoso e conhecido por dizer o que pensa, Lobão Filho sinaliza entrada na corrida para o Senado apostando nos quase 1 milhão de votos que recebeu como candidato a governador em 2014, quando foi derrotado em turno único. É, sem nenhuma dúvida, um nome para ser levado a sério numa disputa, mesmo com tantos postulantes de peso. A História recente mostra, porém, que na maioria dos casos essa conta não fecha e que cada eleição é uma eleição com suas próprias características, nuanças e preferências. Assim, se vai entrar na briga pelo voto, é bom que esteja mesmo preparado.
FONTE: http://reportertempo.com.br/