Jair Bolsonaro pode estimular Josimar de Maranhãozinho a disputar o Governo com o apoio de André Fufuca; Roberto Rocha pode seguir outra via na corrida aos Leões
A revelação de que o presidente Jair Bolsonaro se filiará ao Partido Liberal (PL) para concorrer à reeleição, e que a agremiação se juntará ao Partido Progressista (PP), dando-lhe a vaga de vice, movimentou ontem o cenário político nacional, como era esperado. E como não poderia deixar de ser, essa equação partidária em torno do presidente, cuja montagem deve ser concluída e consumada nos próximos dias, terá desdobramentos no Maranhão. Para começar, a candidatura de Jair Bolsonaro à reeleição abre caminho para uma dobradinha com a provável candidatura do deputado federal Josimar de Maranhãozinho, chefe maior do braço maranhense do PL, ao Governo do Estado. E se a aliança com PL/PP for confirmada, o PP, que tem como presidente nacional interino o deputado federal maranhense André Fufuca, provavelmente seguirá os passos do PL no rompimento com a base partidária liderada pelo governador Flávio Dino (PSB). O movimento partidário em curso, se consumado, pode resolver a pendência partidária do senador Roberto Rocha, que se manteve até agora sem partido aguardando a definição do presidente.
Não há dúvidas de que a eventual candidatura de Jair Bolsonaro à reeleição pelo PL, que muitos definem como a verdadeira “alma” do Centrão, colocará o deputado federal Josimar de Maranhãozinho numa situação próxima ao “se ficar o bicho pega, se correr o bicho come”. Isso porque, se até aqui sua pré-candidatura foi um blefe, como muitos acreditam, a partir da filiação do presidente ao PL, ele não mais poderá “brincar” de pré-candidato. Josimar de Maranhãozinho será obrigado, pelas circunstâncias políticas que envolvem o projeto de reeleição do presidente, a decidir, de maneira irreversível, se será mesmo, ou não, candidato a governador. Josimar de Maranhãozinho, que de bobo nada tem, dificilmente correrá o risco de entrar numa fria e ficar sem mandato por causa do projeto de sobrevivência política do presidente da República, cuja reeleição é hoje tida rigorosamente como incerta.
Nesse cenário, é quase certo que, em se confirmando a filiação do presidente Jair Bolsonaro ao PL e, por conta disso, o partido some forças com o PP, todos os sinais indicam que o presidente do Progressistas, deputado federal André Fufuca, tirará o partido da aliança governista no Maranhão. O parlamentar, que está no exercício da presidência do partido pelo fato de o titular, senador Ciro Nogueira (PI), ter se afastado para comandar a Casa Civil no Governo Bolsonaro, dificilmente manterá o partido na aliança comandada pelo governador Flávio Dino. Como acontece com Josimar de Maranhãozinho, André Fufuca poderá enfrentar problemas para manter a unidade do seu partido no estado, correndo o risco de comprometer o seu projeto maior para o futuro, que é se reeleger deputado e se tornar candidato a governador, provavelmente em 2030. Sabe que apoiar a candidatura do presidente à reeleição pode conduzir a um gigantesco fiasco. Sua carreira até agora tem sido muito bem-sucedida para ser colocada em risco por conta da aventura bolsonarista.
O senador Roberto Rocha tem uma situação bem mais complexa. Não há dúvida de que, em princípio, desembarque de Jair Bolsonaro no PL beneficiará diretamente Josimar de Maranhãozinho, que certamente continuará no controle do partido. Resta saber se, no caso, Roberto Rocha se filiará ao PL para ser liderado por Maranhãozinho, mas com possibilidade de ser candidato a governador, ou se preferirá ser candidato a governador ou a senador pelo PP, onde será comandado pelo deputado André Fufuca. Com uma trajetória política sempre atuando como dirigente partidário, tendo presidido vários partidos no estado – os mais recentes foram o PSB e o PSDB -, Roberto Rocha tem experiência suficiente para saber que no seu caso o melhor mesmo será buscar uma terceira via partidária, que lhe dê o comando.
O que parece certo é que a filiação do presidente Jair Bolsonaro ao PL, sob a liderança férrea do notório ex-deputado federal Waldemar Costa Neto, e a aliança com o PP certamente produzirão um projeto de candidatura ao Governo do Maranhão. Sem muita chance de sucesso, mas com o poder de fazer zoada durante a campanha.
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