Roseana Sarney: tiroteio da Lava Jato contra Michel Temer e cúpula nacional do PMDB pode inibir tomada de decisão sobre candidatura ao Governo do Estado
A última “flechada” disparada ontem pelo ainda procurador geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer (PMDB) colocou o Grupo Sarney em estado de alerta máximo. Isso porque se a investigação for autorizada pela Câmara Federal e o presidente for mandado para casa, as chances de o Grupo alinhavar um projeto competitivo para as eleições do ano que vem serão drasticamente reduzidas. A até agora indefinida candidatura da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) poderá simplesmente ser arquivada antes de nascer se a cúpula do PMDB nacional vier a se desmanchar, como está se desenhando. Roseana, portanto, poderá se aposentar de vez, não participando da corrida ao voto, que já se encontra na fase de aquecimento. E se essa tendência se confirmar, o Grupo liderado pelo ex-presidente José Sarney provavelmente mergulhará numa crise sem precedentes, já que, pelo menos até aqui, não deu sinais de que tenha um “plano B”.
É rigorosamente verdadeiro que todas as perspectivas do grupo partidário liderado pelo PMDB no Maranhão estão depositadas no potencial eleitoral da ex-governadora, que vem sendo monitorado por pesquisas feitas para consumo interno. A não divulgação dos números encontrados nesses levantamentos é um indicador de que tais informações não estão sendo favoráveis. Políticos ligados ao Grupo Sarney têm sondado a ex-governadora sobre se ela será ou não candidata. Segundo seus relatos, ela tem sido evasiva, respondendo que ainda está avaliando o quadro, mas passando a impressão de que só se lançará candidata em condições de competir de igual para igual com o governador Flpavio Dino (PCdoB), candidato assumido à reeleição. Do contrário, prefere permanecer longe do embate eleitoral.
O problema é que se Roseana não entrar na disputa, os candidatos do Grupo a senador, deputado federal e deputado estadual irão para o embate sem um líder, uma referência que os estimulem. O Grupo poderá até lançar um candidato a governador – o atual suplente de senador Lobão Filho (PMDB), por exemplo -, mas ele dificilmente reunirá condições de comandar a grande chapa. A falta de uma liderança alternativa pode desagregar os seus aliados, levando-os ao “cada um por si e Deus por todos”, o que, via de regra, resulta em tragédia eleitoral, como aconteceu em 2014, quando o Grupo ficou sem uma referência capaz de mobilizar todas as suas forças e acabou destroçado nas urnas, só se salvando os candidatos com cacife próprio. Sem a ex-governadora na cabeça da chapa, a liderança do Grupo na corrida eleitoral ficará com o deputado federal Sarney Filho (PV), que terá uma luta renhida pela frente na disputa por uma cadeira no Senado.
São poucas as opções que o Grupo Sarney dispõe para lançar na disputa pelo Governo do Estado. Pode contar com Lobão Filho, que parece mais inclinado a tentar um mandato de senador, mas brigará pelo Palácio dos Leões se o Grupo firmar posição em torno da sua candidatura. Outra opção é o senador João Alberto (PMDB), que numa situação excepcional toparia ser candidato a governador para liderar as forças do Grupo nas eleições. E, numa guinada radical e politicamente viável, o deputado estadual Eduardo Braide (PMN) poderia ser o candidato a governador, abrindo caminho para uma nova geração, que reúne quadros como os deputados Roberto Costa (PMDB), Edilázio Jr. (PV) e Adriano Sarney (PV).
Política tarimbada e antenada, Roseana Sarney sabe o tamanho da sua responsabilidade em relação ao Grupo no qual é a principal referência. É exatamente por conta desse contexto que a ex-governadora se mantém na fronteira entre ser ou não ser candidata, apostando para que o cenário nacional se torne menos hostil ao PMDB, que corre o risco de ter sua cúpula desmontada pela Operação Lava Jato. Se isso ocorrer, será no mínimo desastroso para o partido em todo o País, a começar pelo Maranhão.
FONTE: http://reportertempo.com.br/