Roseana Sarney acompanha atentamente o julgamento de Dilma Rousseff Michel Temer
A ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), mais do que qualquer outro político maranhense, acompanha com atenção redobrada, o julgamento, pelo Pleno do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), da chapa Dilma Rousseff (PT)/Michel Temer (PMDB), acusada pelo PSDB – ironicamente hoje aliado do presidente pemedebista – de ter usado dinheiro sujo de caixa dois para financiar a campanha eleitoral. Todos os indícios evidenciam que o projeto eleitoral da ex-governadora está umbilicalmente ligado ao Governo do pemedebista, de modo que, se Temer se safar e continuar presidente, Roseana terá as condições políticas para tocar em frente o projeto de morar mais quatro anos no Palácio dos Leões. Mas se o presidente tombar juntamente com a ex-presidente Dilma, o projeto de Roseana Sarney poderá ganhar o caminho do arquivo, o que será um desastre para o Grupo Sarney, que só conta com a ex-governadora para encarar o desafio de enfrentar nas urnas o governador Flávio Dino (PCdoB). O adiamento do julgamento, ontem, por tempo indefinido, não alterou o ânimo do Grupo Sarney, que certamente se manterá em posição discreta, agindo para passar a impressão de não ter qualquer interesse na martelada da Justiça Eleitoral sobre o caso, quando a tal batida será decisiva para o seu futuro político.
A realidade, porém, é que, mais do que ninguém, Roseana Sarney está interessada no desfecho desse caso. E torce por uma solução que poupe o atual presidente, evitando assim uma hecatombe capaz de desestabilizar de vez o PMDB. A ex-governadora sabe que sua candidatura, mesmo exibindo boa musculatura política e um bom suporte de intenções de voto, não terá consistência se não estiver integrada a um projeto nacional do PMDB e reforçada por um candidato a presidente forte, de preferência o próprio Michel Temer. Essa candidatura presidencial só existirá se, primeiro, o presidente escapar da degola no TSE e, ao mesmo tempo, conseguir recolocar o País nos eixos e chamar em meados do ano que vem com a economia em franca recuperação, já tendo devolvido os empregos de pelo menos um terço dos 13 milhões de eleitores afetado pela crise nos últimos três anos. Roseana Sarney tem consciência plena de que, além do discurso que terá de elaborar para atrair o eleitorado, precisará de um discurso para o País, associado ao do candidato que vier respaldar o projeto estadual.
Se Michel Temer sair ileso do julgamento, estará habilitado para tocar o projeto de recuperar a economia do Brasil, e com direito a construir uma plataforma política e eleitoral para pleitear a renovação do mandado. Nessa hipótese – que uns consideram possível e outros não -, o Maranhão será um dos campos de batalha mais intensos da corrida eleitoral, principalmente se o candidato oposicionista for o ex-presidente Lula da Silva (PT) e estiver alinhado ao projeto de reeleição do governador Flávio Dino. Vale lembrar que nas duas eleições de Lula e nas duas de Dilma Rousseff, o Maranhão lhes deu esmagadora maioria de votos, tornando-se o mais lulista e dilmista do País em três pleitos. E nas quatro eleições, Roseana Sarney e seu grupo foram carros-chefes na propagação da chapa Dilma/Temer.
Momentaneamente suspenso por um jogo de interesses que o envolvem, o julgamento em curso em Brasília tem na ex-governadora Roseana Sarney uma interessada acompanhante. Isso se dá até pelo fato de que o Grupo Sarney não dispõe de um nome que, associado a Michel Temer ou outro eventual candidato pemedebista, ou ainda a um tucano aliançado com o PMDB, faça frente ao governador Flávio Dino, principalmente se ele estiver ombreado com Lula da Silva. Roseana Sarney, portanto, não apenas acompanha o desenrolar do embate entre acusação e defesa, mas o faz consumindo unhas, pois sabe que a derrocada do pemedebista poderá significar o arquivamento do seu projeto eleitoral e a confirmação definitiva da sua aposentadoria.
FONTE: http://reportertempo.com.br/